Recentemente o site da UOL, publicou artigo em que listava as principais causas de crises entre os casais, O médico sexólogo Dr. Amaury Mendes Junior em sua clinica de terapia sexual e de casais trata destas questões há 35 anos e comenta a respeito.
Passado o período inicial de apaixonamento, em que o casal concordava em numero e gênero e com a mesma intensidade sobre todos os assuntos, surge então uma segunda fase onde a anestesia amorosa causada pelos hormônios do apaixonamento que neutralizavam a verdadeira imagem de ambos, diminui para que ambos possam incorporar uma realidade menos passiva e mais concreta para que os vínculos amadureçam e construam pontes de interesses mútuos de forma a ampliar objetivos.
Neste momento, em que geralmente surge a primeira crise de muitas crises (necessárias para o emparelhamento dos casais) as personalidades de ambos podem entrar em conflito pelas naturais diferenças comportamentais oriundas das famílias de origens.
Heranças familiares comportamentais são mais observadas nesta nova fase da vida conjugal, sendo frequentes frases como:
Não sou como sua mãe, aquela mulher submissa frente ao egoísta de seu pai
A relação conjugal é muito difícil, pois é baseada na mais completa subjetividade. Cada um esta sempre avaliando o que o outro pensa a seu respeito.
O amadurecimento emocional do casal necessita de tolerância e resiliência de ambas as partes.
Quando os problemas são varridos para baixo do tapete seja por comodidade ou por interesse, a conta final da lavagem pode ficar tão cara que não compensa o esforço.
Não existe receita de bolo e muito menos formula que resolva os problemas, cada indivíduo traz dentro de si aspectos culturais e emocionais herdados de forma inconsciente da família de origem que muitas vezes são repetidos de forma espontânea, porém inadequada.
Naturais diferenças comportamentais e emocionais são podem interferir e produzir trincheiras defensivas do ego levando a uma desnecessária disputa de poder.
Crises não conversadas podem desestruturar planos para o futuro e paralisar dos objetivos, gerando, mal estar, insegurança e diminuição da libido
Quando um casal esta a sós na cama de certa forma a família de ambos também esta presente no inconsciente, avaliando atitudes e reações.
Cada personalidade responde de uma maneira a um mesmo fato e deve procurar de forma madura a melhor solução que atenda ao casal.
Importante esclarecer que a maioria dos casais aprende e amadurece com as crises, pois o relacionamento perfeito, não existe. A idealização da perfeição torna a relação rasa, pois questões importantes que são deixadas de lado pelo medo do conflito produzem casais emocionalmente afastados, sem resiliencia e preparo para a jornada a dois.
Veja as 10 principais reclamações de casais
1. Rotina
Toda relação tende a cair na rotina, não significando necessariamente que ocorrera um desgaste. Pois nem toda rotina precisa ser chata. Cabe ao casal estruturar um projeto de casa e de vida própria para tornar interessante o convívio. Ter vida própria fora de casa é saudável e enriquece a conversa, pois mantém favorece a admiração e o desejo.
2. Paixão esfriou
O fogo da paixão é muito comum no começo, porem tende a diminuir com o passar do tempo. Eventualmente deve-se propor atividades para quebra a rotina, propor fantasias sexuais além de não relaxar nos cuidados quanto ao físico e apresentação.
3. Planos diferentes
Objetivos diferentes são saudáveis, pois faz com que ambos possam fazer colocações sobre o pretendido.
É inteligente saber ceder quando a lógica sobressai. Quando o racional é o norte ambos saem vencedor. A teimosia ditatorial desfavorece a confiança e a entrega.
4. Falta de dinheiro
Problemas financeiros podem fazer com que a relação do casal vá por água abaixo. Quando a fome bate a porta o amor sai pela janela, Por isso, é sempre bom estabelecer metas e apertar um pouco o cinto com objetivos a curto, médio e longo prazo. Prestar atenção no orçamento sem descuidar de prazeres necessários a continuidade do momento.
5. Adaptação complicada e demorada
Casais que não conhecem os hábitos dos parceiros e que somente após a união iniciam verdadeiramente a vida conjugal podem encontrar maiores dificuldades de adaptação no convívio. Nada é garantido na relação conjugal, porem quanto mais intimidade, conhecimento e experiência a dois na fase de namoro, melhores perspectivas nas resoluções dos conflitos. A comunicação livre e espontânea mostra muito de cada um.
6. Ciúmes
O ciúme sadio é normal e ate mesmo desejável como um traço de personalidade de quem presta atenção no outro. Cuidar de quem se ama ajuda a relação fazendo com que ambos cuidem do corpo e da apresentação pessoal. Em excesso é patológico e geralmente tem como causa problemas antigos além de refletir baixa autoestima. O convívio fica difícil devido ao desgaste e insegurança causada, pois o enciumado precisa passar o tempo todo tentando provar algo que não fez. Alguns casos necessitam de tratamento pela terapia sexual
7. Profissão e emprego
Um cargo importante ou um salário maior principalmente quando o outro não trabalha, pode ocasionar após algum tempo um desconforto de ambas as partes. Importante ambos conversarem bastante e estabelecer as divisões de tarefa dentro do lar que seja satisfatório para ambos. Seja a família constituída por casais homo ou hetero esta conversa deve acontecer para não interferir no grau de admiração e no desejo sexual. Quando o casal percebe que esta em uníssono a contribuição de quem ganha menos ou não trabalha é compensada por administração, companheirismo e parceria solida. Importante , sempre conversar de forma franca e honesta
8. Traição
Dependendo do vinculo conjugal, a traição é uma atitude difícil de perdoar, pois mexe com a confiança, autoestima e valores familiares.
O traído não esquece a traição, mas pode perdoa o traidor se a relação for constituída por valores importantes. Quanto mais pontes existirem dentro do núcleo familiar, maiores serão as chances do relacionamento conseguir superar esta fase difícil da vida do casal. A traição não é necessariamente um atestado de fim de um relacionamento e pode ser superada quando ambos desejam rever a historia de vida conjugal. Saber reconhecer os próprios erros, pode ser uma excelente chance do casal reavaliar comportamento e trabalhar lacunas que fragilizaram a relação. O terapeuta sexual e ou de casal deve ser procurado para intermediar o problema.
9. Filhos
O desejo e o nascimento de uma criança provocam grandes mudanças na vida a dois. As influencias e as pressões sócio-familiares confundem e produzem atitudes por vezes impensadas.
Não existe gravidez indesejada e sim inadequada e fora do momento oportuno. Muitas vezes o casal esta em crise ou ainda não se estabeleceu de forma equilibrada, podendo uma gravidez corroborar para um desajuste na sexualidade conjugal. Tal fato deve ser pensado e amadurecido, pois uma terceira pessoa será agregada de forma definitiva a esta família. O desejo do filho deve ser compartilhado pelos dois para que o bebê venha em harmonia.
10. Síndrome do ninho vazio
Quando os filhos crescem e saem de casa, o casal pode sofrer um baque. Para minimizar esta perda, o casal não deve depositar todos os ovos na mesma cesta.
Trabalho, amigos, hobbie, lazer, saída sem os filhos devem ser mantidas durante todo o crescimento das crianças.
Lembrar que o exemplo de independência vem dos pais favorecendo e estimulando o desejo dos filhos para o carreiro solo.
Muitos adolescentes e pequenos adultos e alguns são filhas de cativeiro e é frequente encontrar filhos sem coragem de sair da casa dos pais para enfrentar a vida enfrentando problemas inclusive com maturidade relacional.
Resumindo, ninguém disse que conjugalidade é fácil, porém o ser humano só se reconhece frente ao olhar do outro e nada melhor que um olhar de admiração e desejo de quem se ama.